FICÇÃO • FICTION
Becoming Male in the Middle Ages
Pedro Neves Marques
Mirene e André, e Carl e Vicente, são dois casais nos seus trintas. Enquanto Mirene e André batalham com a sua infertilidade, Vicente decide submeter-se a um técnica experimental, implantando um ovário no seu corpo na esperança de ter uma criança com Carl. Um drama conjugal de tons especulativos, “Tornar-se um Homem na Idade Média” é uma história íntima sobre sexualidade queer, autonomia, desejos de reprodução e os fantasmas da normatividade.
Mirene and André, and Carl and Vicente, are both couples in their mid-thirties. While Mirene and André struggle with their fertility, Vicente decides to undergo an experimental procedure, implanting an ovary in his body in the hopes of having a child with Carl. A love drama of speculative undertones, “Becoming Male in the Middle Ages” is an intimate tale about queer sexuality, bodily autonomy, reproductive desires, and the ghost of normativity.
CONHECE O REALIZADOR • MEET THE DIRECTOR
Pedro Neves Marques
O que te inspirou a seguir cinema? Como começou esta tua jornada?
Eu trabalhei em arte contemporânea durante dez anos, quando decidi aventurar-me no cinema, o que aconteceu inicialmente no Brasil, com a minha curta-metragem Exterminator Seed (2017). Nessa altura, já estava muito confortável com a realização de filmes, por isso a transição foi fácil. Agora, o cinema é um grande foco da minha vida.
Como descreves a premissa da tua curta-metragem? Qual foi a inspiração para a história?
O filme começou de uma forma biográfica, com amigos próximos e eu, todos na casa dos trinta e poucos, a refletir sobre os nossos desejos (ou a falta deles) de formar uma família ou ter filhos. Algumas amigas minhas também estavam a passar por processos de fertilização in vitro na altura. Ao mesmo tempo, eu queria abordar a homonormatividade, porque não estava a ver muita diferença nos desejos entre os meus amigos heterossexuais e homossexuais. Tudo isso se juntou na história do filme.
Qual é a mensagem que esperas que o público retenha depois de assistir ao teu filme?
O meu principal desejo é contar uma boa história, por isso espero que seja isso que as pessoas retenham no final. Quero que o público se imerja no filme e acredite no mundo que estou a oferecer. Claro que o filme pensa sobre todas as questões que mencionei acima, que são políticas, e espero que isso também faça o público refletir sobre as suas próprias histórias de vida e expectativas.
Porque achas que a ciência está a receber mais atenção dos cineastas e festivais de cinema atualmente?
Vivemos imersos na ciência, seja médica ou tecnológica, e as nossas vidas, até as nossas mentes, são moldadas por tudo isso. Há pouca ou nenhuma distinção entre o humano e o artificial. Os meus filmes aceitam esse inconsciente tecnocientífico e especulam sobre ele.
O que se segue para o ‘Becoming Male in the Middle Ages’? Tens algum projeto em mãos?
Becoming Male in the Middle Ages continua a ser exibido em festivais de cinema. Deverá ter também um lançamento comercial nos cinemas em breve. Desde então, estreei um novo filme, My Senses Are All I Have to Offer (2024) e agora estou a desenvolver um novo curta-metragem e um filme de longa-metragem.
What inspired you to pursue filmmaking? How did your journey begin?
I had been working in contemporary art for ten years, when I decided to venture into cinema, which happened initially in Brazil, with my short Exterminator Seed (2017). By then I was very comfortable with filmmaking, so it was an easy transition. Now cinema is a big focus of my life.
How do you describe the premise of your short film? What was the inspiration behind the story?
The film began in a biographical way, with both myself and close friends in our early to mid-thirties thinking about our desires or not to form a family or have babies. Some girl friends of mine were also dealing with IVF processes at the time. At the same time, I was wanting to look at homonormativity because I wasn’t seeing much of a difference in desires between my straight and gay friends. All of this came together into the story of the film.
What is the takeaway you hope audiences leave with after watching your film?
My main wish is to tell a good story, so I hope that’s what people retain at the end. For the audience to immerse themselves in the film and believe the world I’m offering. Of course, the film thinks about all the issues I mention above, which are political, and hopefully that will also make the audience reflect about their own life stories and expectations.
Why do you think science is getting more attention in films and film festivals these days?
We live immersed in science, whether medical or technological, and our lives, even our minds, are shape by all of it. There is little to no distinction between the human and the artificial. My films accept this technoscientific unconscious and speculate on it.
What’s next for ‘Becoming Male in the Middle Ages’? Do you have any projects in the works?
Becoming Male in the Middle Ages continues to do the rounds in film festivals. It should have a commercial release in cinemas as well soon. Since then I premiered a new film, My Senses Are All I Have to Offer (2024) and am now developing a new short film and a feature film.