A NASA é famosa pelas belas imagens do espaço, mas sabias que também as podes ouvir? Descobre os bastidores com a equipa que cria as “sonificações”, traduções de dados em som, e aprende como são significativas para pessoas cegas ou visão reduzida.
NASA is famous for beautiful space images, but did you know you can listen to them? Go behind the scenes with the team that creates “sonifications,” translations of data into sound, and learn how meaningful they are to people who are blind or low-vision.
O que vos inspirou a seguir cinema? Como começaram esta vossa jornada?
Elizabeth Landau (Liz): Desde que assisti ao Cosmos com Carl Sagan, em criança, fiquei fascinada com o espaço. Mas também adorava escrever desde os meus primeiros anos de escola. Achei que, se me tornasse escritora, provavelmente nunca mais me envolveria com a ciência. No entanto, na universidade, participei num seminário, lecionado pelo correspondente de ciência da Time Magazine, Mike Lemonick, que me despertou para a possibilidade de me tornar uma escritora sobre ciência. Fiquei viciada desde então. Aprendi muito ao reportar sobre ciência para a CNN durante seis anos e ao trabalhar na NASA, além de assistir a muitos filmes e séries excelentes. Desde que a NASA começou recentemente a produzir documentários para a sua plataforma NASA+, tive a oportunidade de me envolver na realização de filmes sobre o espaço.
Kimberly Arcand (Kim): O cinema é apenas outra forma de contar histórias e isso é uma das coisas que mais adoro na minha carreira: contar histórias sobre ciência através dos dados. Percebemos que as pessoas poderiam estar interessadas não apenas nas sonificações – que se mostraram incrivelmente populares – mas também na história por trás delas. Com a Liz como parceira, usar o meio cinematográfico pareceu um caminho natural para contar a história do poder de traduzir dados.
Como descrevem a premissa da vossa curta-metragem? Qual foi a inspiração para a história?
Liz: Queríamos levar o público para os bastidores com Kim Arcand e a sua equipa que cria “sonificações”, traduções de dados para som. Essas sonificações podem ser apreciadas por um público vasto, mas são especialmente significativas para pessoas cegas ou com visão reduzida. A Kim Arcand e a sua equipa têm criado experiências sonoras incríveis com dados da NASA desde 2020. Depois de acumularem uma biblioteca maravilhosa dessas sonificações e do Observatório de Raios-X Chandra ter demonstrado interesse em um vídeo sobre o processo, aproveitei a oportunidade de colaborar numa exploração aprofundada de como estas sonificações são feitas.
Qual é a mensagem que esperam que o público retenha depois de assistir ao vosso filme?
Liz: Espero que as pessoas saiam com a percepção de que as imagens visuais não são a única maneira de experienciar o universo. Nós, que enxergamos, temos um claro preconceito em relação ao material visual. Mas ouvir é igualmente importante e representa uma dimensão diferente do nosso mundo que, por vezes, subestimamos.
Kim: A mensagem subjacente é que o universo pertence a todos nós. Muitas vezes, a ciência pode parecer (ou estar) inacessível para as pessoas, e isso pode fazê-las sentir que não fazem parte da discussão. Isso não é verdade. Espero que, ao verem este filme, as pessoas percebam que, por vezes, a ciência só precisa de ser partilhada de forma diferente para se tornar mais inclusiva e relevante.
Porque acham que a ciência está a receber mais atenção dos cineastas e festivais de cinema atualmente?
Kim: A sociedade nunca foi tão dependente da tecnologia e tão movida pela ciência como agora. No entanto, existe uma polarização crescente sobre o papel da ciência e dos cientistas em muitos lugares. Imagino que este aumento de filmes sobre ciência se deve a duas razões principais. Primeiro, precisamos de entender melhor a ciência e a tecnologia que permeiam as nossas vidas. Aqueles que vivem e respiram o processo científico tendem a confiar nele – e queremos ajudar a mostrar às pessoas que também podem confiar. Em segundo lugar, queremos combater o rótulo de “outros” que, por vezes, se atribui à ciência e à tecnologia. A ciência já traz muitos benefícios e maravilhas à humanidade, e há possibilidades infinitas sobre o que mais poderá fazer. Queremos falar sobre tudo isso.
Liz: Gostaria apenas de acrescentar que onde há ciência, há esperança. Precisamos de histórias de mudança positiva agora. As histórias científicas são geralmente boas notícias. Há muito fascínio e maravilha na exploração espacial e nas imagens e sons do espaço que discutimos no nosso filme. Acho que, além de despertar a curiosidade das pessoas, boas histórias de ciência oferecem uma forma de desviar a mente das suas preocupações, tanto pessoais como globais.
O que se segue para o ‘Listen to the Universe’? Têm algum projeto em mãos?
Kim: Para o documentário Listen to the Universe: Estamos a planear mais exibições e eventos no próximo ano. Por exemplo, estamos a trabalhar para estrear a versão com audiodescrição para a comunidade de pessoas cegas e com baixa visão, em parceria com uma entidade governamental em Washington, DC, no início do próximo ano. Esperamos continuar a chamar a atenção para o documentário para sensibilizar sobre as sonificações e o espaço.
Para o projeto Universe of Sound, que o documentário aborda: Continuamos a produzir novas sonificações aproximadamente a cada trimestre. A minha equipa de estudantes na Universidade Brown também está a desenvolver uma aplicação para uma auto-sonificação e háptica interativa das imagens da NASA, com sons simples e resposta vibracional. Continuamos ainda a extrapolar versões de partituras das nossas sonificações para conjuntos musicais. A primeira apresentação da nossa peça original, “Where Parallel Lines Converge” de Sophie Kastner, ocorrerá no Museu Hirshhorn do Smithsonian em Washington, DC, a 16 de dezembro.
What inspired you to pursue filmmaking? How did your journey begin?
Elizabeth Landau (Liz): Ever since I watched “Cosmos” with Carl Sagan as a child I have been fascinated by space. But I also loved creative writing since my early school days. I thought that if I became a writer I would probably never touch science again. But in college I took a seminar, taught by then-Time Magazine science correspondent Mike Lemonick, that woke me up to the possibility of becoming a writer who writes about science. I’ve been hooked ever since. I learned a lot from reporting on science for CNN for six years and then working at NASA, as well as just watching a lot of great movies and TV. Since NASA recently began making in-house documentaries for its platform NASA+ I was able to delve into filmmaking about space.
Kimberly Arcand (Kim): Filmmaking is just another form of storytelling, and that has been one of my favorite things about my career: telling the stories of science through data. We recognized that people might be interested in not just these sonifications – which have shown to be incredibly popular – but also the story behind them. With Liz as a partner, using the medium of film seemed like a natural way to tell the story of the power of translating data.
How do you describe the premise of your short film? What was the inspiration behind the story?
Liz: We wanted to take viewers behind the scenes with Kim Arcand and her team that creates “sonifications,” translations of data into sound. These sonifications can be enjoyed by a broad audience, but they are especially meaningful people who are blind or low vision. Kim Arcand and her team have been making amazing sound experiences using NASA data since 2020. After they had amassed a wondrous library of them, and the Chandra X-Ray Observatory was interested in a video about the process, I jumped at the opportunity to collaborate on an in-depth exploration of how these sonifications are made.
What is the takeaway you hope audiences leave with after watching your film?
Liz: I hope that people come away with the sense that visual imagery is not the only way to experience the universe. Those of us who are sighted have a clear bias towards visual material. But listening is just as important and represents a different dimension to our world that we sometimes take for granted.
Kim: The underlying message is that the universe belongs to us all. Too often, science can seem (or be) accessible to people, and that can make them feel that they don’t belong in the discussion. That’s absolutely not true. I hope that people watching this film realize that sometimes science just needs to be shared differently to help make it more inclusive and relevant.
Why do you think science is getting more attention in films and film festivals these days?
Kim: Society has never been more technology-dependent and science-driven than it is now. Yet, there is an ongoing and even growing polarization about the role of science and scientists in many places. I imagine that this increase in films about science is at least twofold. First, we need to better understand the science and technology that permeates our lives. Those that live and breathe the scientific process tend to trust it — and we want to help show people that others can as well. Second, we want to push back on the “otherness” label that science and technology are sometimes painted with. There are so many wonders and benefits that science can and already does bring to humanity, and there are endless possibilities of what else it could potentially do. We want to talk about all of this.
Liz: I just want to add that where there is science, there is hope. We all need stories of positive change right now. Science news stories are generally good news stories. There is so much awe and wonder in space exploration and in the space imagery and sounds that we get to discuss in our film. I think that in addition to tapping into people’s inherent curiosity, good science stories give people a way to get their minds off of their worries on both a personal and global scale.
What’s next for ‘Listen to the Universe’? Do you have any projects in the works?
Kim: For the LTTU documentary: We are hoping to have additional screenings and events in the coming year. For example, we are working on plans for a premiere of the audio-described version with the blind and low-vision community via a government partner in Washington, DC early next year. We hope to continue getting ears and eyes on the documentary to help raise awareness of sonifications and space.
For the Universe of Sound project the documentary covers: We are continuing to produce new sonifications approximately each quarter. My team of students at Brown University has also been developing an app for an interactive auto-sonification and haptification of NASA images with simple sounds and vibrational response. We also continue to extrapolate out sheet music/scored versions of our sonifications for ensembles. The first premiere of our original piece, “Where Parallel Lines Converge” by Sophie Kastner will occur at the Smithsonian’s Hirshhorn Museum in Washington DC on Dec 16.